Após entregar oficialmente para o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, cópia da gravação de uma reunião em que o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz teria assumido que, durante as investigações que levaram à prisão do banqueiro Daniel Dantas, monitorava o gabinete da presidência da Corte Suprema, o deputado federal Raul Jungmann (PPS/PE) disse esperar que o delegado diga como conseguiu essas informações e com que finalidade.
Jungmann revelou que não está perseguindo o delegado. Ele afirmou que tem esperança de que Protógenes possa esclarecer toda e qualquer dúvida de que no curso das investigações não foi tomada nenhuma ação sem embasamento legal. “Caso contrário, ele deve explicações”, ressaltou o deputado.
Por outro lado, o deputado disse que também não tem interesse em defender o banqueiro Daniel Dantas. “Se for comprovado que ele cometeu os crimes, eu realmente espero que vá para a cadeia. Mas crime não se combate com crime”, disse Jungmann. “Senão vamos acabar aceitando tortura como método de investigação“, completou.
Para ele, nenhum método pode se dar fora do amparo da lei. “Se você utiliza qualquer tipo de método ao arrepio da lei, você se nivela ao criminoso, porque você está cometendo um crime para elucidar um crime“, explicou. Jungmann afirmou ser inaceitável que para colocar Daniel Dantas na cadeia seja necessário o uso desses métodos, até porque, usando essas provas ilegítimas, o delegado Protógenes e o ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Paulo Lacerda acabariam se tornam aliados de Daniel Dantas, favorecendo a impunidade banqueiro.
Grampos
Questionado sobre os números divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) esta semana, dando conta de que estão em curso aproximadamente 12 mil interceptações telefônicas no Brasil, o parlamentar disse acreditar que o uso dos “grampos” está em total descontrole no país.
Ao final da conversa, Jungmann disse que sua atitude é uma tentativa para acabar com o que ele chamou de um “clima de quase terror”. “Para combater Daniel Dantas, não se pode autorizar que 100 milhões de brasileiros possam ter ser grampeados“, concluiu o parlamentar.
MB/EH
0 Responses